Poesia

A mágica da água

Nasci muito limpinha,
depois comecei mudar,
à medida que fui crescendo,
aprendi a me transformar...
Faço até algumas mágicas,
você não vai acreditar.
Quando está muito calor,
eu posso até voar

Saio do rio e das panelas,
das roupas no varal,
saio dos lagos e lagoas,
ir pro céu é bem legal!

Láa do céu vejo a terra seca,
as plantinhas me chamando.
Um raio me clareia a cabeça
e olha eu aqui me transformando.

Às vezes caio de mansinho
dando vida a plantação,
às vezes exagerado no caminho
e assusto a população!

Quando me transformo em enchente,
carrego o que tem pela frente...
Aí me desespero! Não sei como evitar!
É tanto lixo nos bueiros
que eu nem posso entrar!
Não consigo achar o caminho
que me leve para o rio
ou que me deixe ir para o mar...

Depois de toda euforia
vem o Sol, que alegria!
Todos ficam mais contentes
e acabaram por me esquecer...

Vou para um lugar esquisito:
não tem lixo, nem mosquito.
Passo por canos apertados,
tomo um banho bem tomado!
Passeio pelas areias e pedrinhas...
E quando vou para a casa de uns amigos,
um taal de cloro vai comigo.

Viajo apertada de ovo.
E agora chego à torneira:
estou nas mçaos das cozinheiras!
Aacho que vou virar sorvete...
Até parece brincadeira!
Faz muito frio naquele quartinho,
naquela tal de geladeira!

Eu me agarro na forminha
e começo a enduareceu.
Toda hora vem um menino,
com um dedinho cosquento,
quer ver se estou durinha,
eu rio não aguento!

Passo dias me transformando.
Gosto muito do jardim:
seja flor, animal ou homem,
ninguém pode viver sem mim!

A verdade é que minha vida
anda muito agitada.
Mas o que me preocupa mesmo
é a sáu´´aúde da garotada.

Márcia Braga